Saúde
Dicas para o desenvolvimento infantil durante a pandemia
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A suspensão das aulas completou 6 meses no Brasil. Com a falta da escola, o estresse frente à situação da pandemia e o tempo escasso dos pais, que precisam se desdobrar para dar conta de tudo, muitas crianças estão apresentando regressão ou atrasos no desenvolvimento motor, na fala e nas habilidades sociais.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em fisioterapia neurológica e prematuridade, é preciso um olhar mais acolhedor nesse momento, tanto para os pais quanto para as crianças menores.
“A preservação da vida é o mais importante. O distanciamento social continua sendo recomendado. Entretanto, é preciso também pensar no bem-estar físico e emocional das crianças, especialmente as em idade pré-escolar”.
“O fato é que a escola oferece ao cérebro estímulos diferentes daqueles que a criança tem em casa. As atividades pedagógicas da educação infantil contribuem muito no desenvolvimento da coordenação motora, da fala, da cognição e, principalmente, da socialização”, explica Walkíria.
Portanto, sem a escola, algumas crianças, especialmente as mais novas, podem apresentar déficits no neurodesenvolvimento. “Esses atrasos dependem de uma série de fatores, como espaço físico para prática de atividades, estímulos dos cuidadores, tempo gasto em celulares, tempo para brincar, acompanhamento das aulas, situação emocional etc.”.
A boa notícia é que o cérebro tem uma característica chamada neuroplasticidade. “Cada aprendizado que a criança tem cria uma conexão neural. Essa capacidade é maior na infância do que em qualquer outra fase da vida. Portanto, esses atrasos podem ser compensados por meio de atividades e estímulos que os pais ou cuidadores podem proporcionar em casa”, cita Walkíria.
Confira as dicas da especialista.
1- Desenvolvimento da coordenação motora global: Para estimular a coordenação motora global, que se refere ao controle e à organização da musculatura ampla, necessária para os movimentos complexos, os pais podem propor atividades como pular corda, dançar, pular amarelinha, saltar. Mesmo em apartamentos é possível fazer algumas dessas atividades.
Caso seja possível e seguro, essas atividades podem ser feitas ao ar livre. Andar de bicicleta, patinete, triciclo, bem como jogar bola, são ótimos estímulos para a coordenação motora global.
2- Desenvolvimento da coordenação motora fina: Já ouviu falar do movimento de pinça? É o movimento necessário para segurar o lápis para escrever ou segurar um talher para comer. Assim, a coordenação motora fina está ligada ao domínio dos pequenos músculos, para atividades mais refinadas. Para ajudar a desenvolver essa habilidade, os pais podem propor recortes, colagens, brincadeiras com blocos de montagem, desenhos, pinturas etc.
3- Desenvolvimento da Fala: A fala se desenvolve a partir do nascimento. A primeira linguagem do bebê é o choro. Daí em diante, caso a criança não apresente nenhuma outra condição que afete a fala, o desenvolvimento da linguagem depende dos pais e cuidadores.
É fundamental conversar com o bebê desde cedo. As aquisições da fala ocorrem de acordo com os estímulos recebidos. Vale lembrar que celulares, TV ou tablets não cumprem esse papel.
???????Pelo contrário, crianças e bebês que passam muito tempo sozinhas em frente aos eletrônicos podem apresentar atrasos na fala. Então, a dica aqui é reduzir drasticamente o uso desses dispositivos e conversar com a criança o máximo que for possível. Músicas infantis e leitura de livros também ajudam na aquisição da fala.
Sem culpa
“Como eu disse acima, nesse momento precisamos ter uma visão mais acolhedora dos pais e das crianças. Felizmente, crianças aprendem rápido. Esses atrasos podem ser recuperados quando as aulas forem retomadas”, reforça Walkíria.
Mas, caso seja necessário, há clínicas especializadas em desenvolvimento infantil que podem avaliar se há necessidade de uma terapia para reduzir os déficits. Esses atendimentos podem ser feitos por um fisioterapeuta especializado em fisioterapia neurológica, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo infantil.
Assessoria